A irrelevância na primeira página

É verdadeiramente imppressionante (e preocupante...) o que alguns jornais escreveram na última semana acerca do caso da criança inglesa desaparecida no Algarve.
Vale a pena rever as primeiras páginas - ninguém ficou de fora da suspeição; não houve uma única suposta pista que não tenha ganho credibilidade; tudo o que pudessemos imaginar (e só imaginar) acerca do caso teve honra (e credibilidade) de notícia. Uma amálgama de informação que, ao dar importância a tudo, acaba por tornar tudo mais ou menos irrelevante.
O objectivo, mais que esclarecer o leitor, foi sempre, sempre, emocionar. As televisões tinham a tarefa facilitada - bastava-lhes mostrar, mostrar, mostrar, repetir tudo até à exaustão - mas os jornais (alguns, pelo menos), como de facto não havia muito para contar, desataram a escrever tudo o que lhes vinha à cabeça.
É óbvio que se prestou um mau serviço - não é esta a função da imprensa, pelo menos de toda a imprensa. Penso mesmo que uma análise do comportamento de três ou quatro jornais (insisto, mais do que das televisões - aqui o mecanismo já é conhecido qb) daria um excelente estudo sobre os media. Proponho mesmo um ângulo: a hipervalorização, e logo credibilização, do irrelevante e mesmo do disparate.





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