coisas com que a linguagem não consegue lidar. A solidão, por exemplo. Um estado absoluto. Quem está só está só e isso é absoluto. Aritmeticamente, a solidão não é gradativa. É zero. Unidade, se quiserem. Mas, na verdade, é sempre possível estar mais só. E isso a linguagem não consegue resolver.





O Neil Young conta uma história sobre esta canção. Também tenho uma história sobre esta canção.






E que jornalistas são esses?

Como a compreendo

querida Charlotte. Ou acha que é por acaso que, cinco anos e alguns blogues volvidos, continua ali em cima aquele Everybody Knows This Is Nowhere?
De Neil Young, a minha preferida... são todas. Perdão, se tivesse que escolher, ficava-me pelo Like a Hurricane. A mais fulminante canção de amor que conheço. Melhor, a mais fulminante das canções sobre a impossibilidade do amor.
Bom, mudemos de assunto...
Gosto da versão original, com guitarras incendiadas que até doem, mas vou mesmo às lágrimas é com a versão unplugged, só órgão e harmónica. Acho que há alturas em que a música, o amor e algo de insondável, chamemos-lhe deus, com minúscula e por conveniência, se juntam para nos pôr à prova. Neil Young, nesta canção, é o veículo dessa força divina.



You are like a hurricane
Theres calm in your eye.
And Im gettin blown away
To somewhere safer where the feeling stays.
I want to love you but Im getting blown away.




I am just a dreamer, but you are just a dream,
You could have been anyone to me.
Before that moment you touched my lips
That perfect feeling when time just slips
Away between us on our foggy trip.

Deve e haver

Pouco percebo de matemática. Mas quase juraria que o mundo, a vida, apenas está a usar dez por cento de mim. E isso só não me entristece tragicamente porque sei, isso sei, que estou a receber em troca muito menos que isso.

Geração abertura fácil

- Pai, não há mais leite?
- São esses pacotes verdes, aí à tua frente...
- Mas estes precisam de tesoura para abrir!

They sentenced me to twenty years of boredom

Tivesse eu a paciência do coleccionador, gostaria de coleccionar pedaços de canções. Não versos, não poemas, nem sequer ideias completas ou frases filosóficas. Apenas pedaços. Daquelas coisas que ouvimos e que, por um motivo ou outro, nos ficam no ouvido. Por meses e anos. Por exemplo, o primeiro verso de First We Take Manhattan, de Cohen: They sentenced me to twenty years of boredom. É claro que o verso seguinte contextualiza, mas isso já não me interessa. Interessa-me muito aquela frase, They sentenced me to twenty years of boredom. Acho que me ficou desde a primeira vez que a ouvi. E, agora, passados todos estes anos, sinto ali qualquer coisa de premonitório. É por isso que tenho a certeza de que me faltam cumprir apenas 19 anos. Melhor, 18 anos e alguns meses. Ter um horizonte, mesmo esse horizonte, já é algo que me anima.

Coisas que me comovem. Tanto

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the world has gone mad












Bob Dylan and Neil Young, both currently on European tours, are set to headline the Optimus Alive! festival in Lisbon, Portugal this July.

Dylan, who's European tour kicks off in Iceland on May 26, and includes an whopping eleven nights in Spain is set to headline the Portugese Festival on Friday July 11 and Neil Young is set to headline the three-day event's closing night on Saturday July 12.












Santíssima Trindade!

Kodak forever

As fotos de Linda Eastman McCartney, na Rolling Stone.


Not all songs about crying are necessarily sad

Uma exaustiva viagem ao interior do cérebro de Dylan.
No sítio do costume.




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José Mário Branco
Queixa das Almas Jovens Censuradas (Natália Correia)
1971-1996
























Maria Helena Vieira da Silva
Bibliothéque en Feu (óleo sobre tela, 1974)
Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian



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José Mário Branco, Fado da Tristeza, 1996

Tropeço em fotos longínquas e descubro felicidades que esquecera. Fui, afinal, mais vezes feliz do que imaginara. Presumo que seja mesmo assim, vamo-nos desencontrando da felicidade à medida que tomamos consciência de que a procuramos.

É,

Professor Maradona, é. Muito bom, mesmo. Noto, porém, algum grão, e até atrito, nas cenas a preto e branco. Falta de lubrificação?








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Norma Waterson, River Man (Nick Drake)







Não satisfeito com uma ilusão, logo tratara de arranjar outra. Estava viciado em desilusões.





Os afectos e a idade, ou vice-versa (reloaded)

No teclado inteligente dos Nokia, quando se quer escrever Amor aparece sempre primeiro Anos. Eu disse "teclado inteligente"?

Os afectos e a idade, ou vice-versa

No teclado inteligente dos Nokia, quando se quer escrever Amor aparece sempre primeiro Anos. O Amor só surge à segunda tentativa.






Orly

Jacques Brel (1977)
Electrod (2007)


Ils sont plus de deux mille
Et je ne vois qu'eux deux
La pluie les a soudés
Semble-t-il l'un à l'autre
Ils sont plus de deux mille
Et je ne vois qu'eux deux
Et je les sais qui parlent
Il doit lui dire: je t'aime
Elle doit lui dire: je t'aime
Je crois qu'ils sont en train
De ne rien se promettre
C'est deux-là sont trop maigres
Pour être malhonnêtes

Ils sont plus de deux mille
Et je ne vois qu'eux deux
Et brusquement ils pleurent
Ils pleurent à gros bouillons
Tout entourésqu'ils sont
D'adipeux en sueur
Et de bouffeurs d'espoir
Qui les montrent du nez
Mais ces deux déchirés
Superbes de chagrin
Abandonnent aux chiens
L'exploir de les juger

Mais la vie ne fait pas de cadeau!
Et nom de dieu!
C'est triste Orly le dimanche
Avec ou sans Bécaud


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Et maintenant ils pleurent
Je veux dire tous les deux
Tout à l'heure c'était lui
Lorsque je disais il
Tout encastrés qu'ils sont
Ils n'entendent plus rien
Que les sanglots de l'autre
Et puis infiniment
Comme deux corps qui prient
Infiniment lentement ces deux corps
Se séparent et en se séparant
Ces deux corps se déchirent
Et je vous jure qu'ils crient
Et puis ils se reprennent
Redeviennent un seul
Redeviennent le feu
Et puis se redéchirent
Se tiennent par les yeux
Et puis en reculant
Comme la mer se retire
Ils consomment l'adieu
Ils bavent quelques mots
Agitent une vague main
Et brusquement ils fuient
Fuient sans se retourner
Et puis il disparaît
Bouffé par l'escalier

La vie ne fait pas de cadeau!
Et nom de dieu!
C'est triste Orly le dimanche
Avec ou sans Bécaud

Et puis il disparaît
Bouffé par l'escalier
Et elle elle reste là
Cœur en croix bouche ouverte
Sans un cri sans un mot
Elle connaît sa mort
Elle vient de la croiser
Voilà qu'elle se retourne
Et se retourne encore
Ses bras vont jusqu'a terre
Ça y est elle a mille ans
La porte est refermée
La voilà sans lumière
Elle tourne sur elle-même
Et déjà elle sait
Qu'elle tournera toujours
Elle a perdu des hommes
Mais là elle perd l'amour
L'amour le lui a dit
Revoilà l'inutile
Elle vivra ses projets
Qui ne feront qu'attendre
La revoilà fragile
Avant que d'être à vendre
Je suis là je la suis
Je n'ose rien pour elle
Que la foule grignote
Comme un quelconque fruit.




Sonho

Comprava um bilhete de avião e a senhora insistia: - Tem a certeza? Só o deixam entrar se tiver bilhete de volta...








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My Mistakes Were Made For You, The Last Shadow Puppets, 2008

Testamento (5)

Passei por aqui e não posso mentir. Há coisas que não me deixam mentir. Por exemplo, o nome gravado a tinta preta, 14 anos seguidos quase 15, quase três deles em local visível, não desprezível. Uma experiência da qual não sei fazer o balanço. Dei tudo e perdi tudo. Na verdade, a perda foi dolorosamente desproporcional. Por causa do muito que dei, perdi muito mais do que aquilo que dei.

in-velhecer

Falávamos de nada. Disse-me que se sentia envelhecer. Respondi-lhe que não. E que eu também não. E que esse é precisamente o meu problema. O problema.

I Just Don't Know What To Do With Myself


Testamento (4)

Há quilos de livros nesta casa que não me interessam. Há duas dúzias que quero levar. Aquilo do outro lado deve ser um tédio danado. E eu sempre quis ler os clássicos, mas nunca tive tempo... Acho que os clássicos ficam bem. E há por aí uns milhares de discos. Que quero esquecer. Quem alguma vez perdeu mais que um minuto neste blogue perceberá porquê. A música fica, portanto. Do resto quero lá saber.





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Poesia

Procurava um livro de poesia e notou então que aquela prateleira da estante fora precisamente a primeira a arder no Grande Incêndio de Inverno.
Ficcionava assim os dias na vã tentativa de lhes encontrar um sentido.

As horas longas

A noite não é boa conselheira nem nada.
É noite e isso basta-lhe.

I Just Don't Know What To Do With Myself


I Just Don't Know What To Do With Myself


I Just Don't Know What To Do With Myself


I Just Don't Know What To Do With Myself


I Just Don't Know What To Do With Myself

The White Stripes featuring Kate Moss directed by Sofia Coppola


(...)

E chego outra vez aqui. Nada do que teria a dizer é dizível. Chamemos-lhe pudor, já lhe chamei pudor. Chamemos-lhe, também, desistência. Um medo enorme das palavras. Eu que sou todo delas. Mais que das imagens, mais que da música, sim da música. Mas são elas que queimam, as palavras. Para o bem e para o mal. Fica, então, o silêncio, uma voz de palavras que não escolho. Não quero.

Dou-me ao luxo

por estes dias de abandonar toda e qualquer racionalidade. De me entregar a pequenas obsessões.


Um testamento (3)

Há literatura, erudita, sobre a melhor maneira de fazer uma tese. E menos erudita sobre a poética e a retórica das cartas comerciais. Isto, claro, para não falar dos receituários para alinhavar as mais ridículas das cartas. Mas sobre testamentos, nada. Onde estão os grandes testamentos da História? Não falo das famous last words, mas da matéria literária e utilitária das últimas - ou talvez nem tanto - vontades.



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Estas coisas

O texto DE ONDE NASCEM ESTAS COISAS é um dos melhores retratos daquilo a que poderíamos chamar de "espaço público" português. Que inclui, à cabeça, as esferas da política e do jornalismo. Mas que passa por outros microcosmos, como o da cultura, por exemplo.

Fora de contexto (3)

Ela comia-o vivo.

Fora de contexto (2)

além do mais, estou muito zangada com os brasileiros por causa do acordo ortográfico.

Fora de contexto

Um dia ainda te surpreendo e aprendo a gostar de ti.

I Only Wanna Be With You

fucked up by Samantha Fox


É favor recortar pelo picotado









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Um testamento (2)

Um testamento faz todo o sentido quando sentimos que pouco ou nada mais temos para dar ao mundo. Ou quando o mundo parece ter-se esquecido de nós. Marca, enfim, uma linha de indiferença.



Dizia-lhe um dia destes: - Tenho medo da Primavera, do Verão. Dos dias longos, dos entardeceres, das noites... Sabes, das noites.
É claro... os dias de chuva. Bom, os dias de chuva...

O adolescente ecologista

- Este feijão verde é esquisito, nem tem sementes nem nada!
- É transgénico. Come!
- Eu não gosto nada de legumes. Então transgénicos...

Um testamento (1)

Um testamento é sempre um exercício de vaidade extrema. O consolo ilusório de perdurar.








Haverá um dia, presumo, em que me condenarão a uma morte então física. Quero para esse dia apenas esta canção nesta exacta versão. Nem mais um som. Nem mais uma brisa. E sim, thank you, sorry.

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saudade

a das pequenas coisas é a pior. perdão, a maior.

22 anos de Madonna

na Vanity Fair.





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E depois

há os cansaços que não se resolvem com o descanso.

do que gostas mais

nos chocolates com avelãs?
dos chocolates ou das avelãs?

I am the distance you put between all of the moments that we will be

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show me slowly what I only know the limits of

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