Nem me perguntem

Pressinto o ponto. A velha história de que não há perguntas indiscretas, que as respostas, essas sim, podem ser por vezes inconvenientes, ou mesmo parvas. Filosofia, portanto. A dúvida persistente, sobre si ou sobre o mundo. A inquietação que tudo faz avançar. Perguntar, duvidar, inquirir, perscrutar... A ânsia de saber sempre mais, investigando, que outra coisa não é o perguntar. Grandes saltos para a Humanidade, maiores ainda para a Coisa Humana (notem no politicamente correcto, evito escrever Homem maiúsculo...).
Abomino, porém e por vezes, a filosofia. Fico-me pela vidinha, pela rotina dos dias e dos horizontes curtos de uma circunstância pouco menos que trágica. E na vidinha estou-me cada vez mais nas tintas para as questões. Para a pergunta retórica, obrigatória. Bastam-me as certezas adquiridas, com as quais tenho de lidar na tal vidinha. Abomino a polémica, principalmente a polémica estéril, intelectual. A polémica pela polémica. A polémica sem praxis (oops, isto é marxista? se for, mil perdões, foi sem querer...). O salário mínimo? A Opus Dei do Millenium? O Médio Oriente? O Ron Paul (mas quem diabo é o Ron Paul?)? Tanto peso do mundo sobre os meus ombros?
Mas as perguntas... Às vezes, até me chega a parecer que já foram todas respondidas. Que neste mundo, de Deus ou do Diabo, já nada há para saber de novo. Que todas as perguntas já são retóricas. E que para essas já me falta a paciência.
Mas eu sei. O meu é um caso clínico. Não tem discussão. Nem me perguntem porquê. Isto passa, há-de passar.





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