Tenho saudades. Hoje lembrei-me de ti, não
tenho feito outra coisa imagino porquê. Que tal almoçarmos
agora um dia destes? Apetece-me
corromper-te com beijos conversar contigo. Lanchar, se te der mais jeito e
desvirginar o teu silêncio com a minha língua ouvir-te falar. Preciso de saber
que ainda me queres o que tens andado a ler. Já nem sei o que te costumava dizer, mas
ainda soletro de cor as palavras com que me vestiste que não seja por isso: o exercício
do amor da amizade é como andar de bicicleta. Sei que tens muito trabalho
quero lá saber e que mal te lembras de mim
atreve-te a esquecer-me. Mas, para um
amor amigo, arranjamos sempre um bocadinho. Uma
vida hora, é só o que te peço. Naquele hotel da baixa, o que tem
o quarto a esplanada de frente para o rio, lembras-te? Em não podendo ser,
morro deixa estar. Talvez para a próxima
reencarnação. Fica
mal e apodrece sem mim bem. Um beijinho à
estúpida da tua mulher e outro aos teus
fedelhos miúdos. O meu
resiliente marido manda-te
à merda cumprimentos e pergunta quando
sais de vez da nossa cama aparecem. A ver se combinamos um churrasco de domingo com todos
eles de preferência bem longe noutra mesa.
Até jádeus.