Só mais uma resposta

Obviamente, tenho recaídas. Dias - felizmente cada vez menos, oh Adozinda, quando foi a última vez? - em que tenho inveja (sim, também sou patriota, dado a esses estados de alma nacionalistas), inveja, repito, desses mestres do pensamento, intelectuais perenes, sempre de opinião na ponta da tecla e sempre e cada vez mais rápidos no gatilho. Eu ainda nem percebi se o Menezes se escreve com z ou com s e já eles opinam, reopinam e desopinam sobre o fulano. Que, como todos os fulanos que passam pelo crivo desses ditos intelectuais, passa de besta a bestial, e vice-versa, mais rápido do que a Protecção Civil passa do alerta amarelo ao laranja. E tão depressa têm opiniões definitivas e imperativas (oh homem, demita-se, que vergonha) sobre o BCP, como sobre o Acordo Ortográfico, como sobre, oh pasmem, a inconstitucionalidade (ufa...) do estatuto dos magistrados judiciais (não confundir, seus brutos, com os magistrados do Ministério Público). Sim, confesso, tenho momentos, felizmente e insisto, cada vez mais ténues, em que invejo tanta sabeboria. E pensais que é coisa livresca, coisa de cultura? Qual quê... É coisa séria mesmo. Coisa de quem não apenas sabe como sabe fazer, comandar os destinos dos outros, das nações, do mundo e talvez mais além. Atentem no ar definitivo, moralista, moralizador, tipo "não percam mais tempo, que eu explico tudo, a solução está ali duas linhas a contar desta". Gente desta é um desperdício andar por aí. Aproveitem-nos, enquanto é tempo. Livrem-nos deles, por amor da santa... Enquanto eles por aí andarem, eu até medo de sair à rua tenho.





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