Dos livros

Há um ano, comecei a ler dois livros, mais ou menos ao mesmo tempo. Não foram livros que tenha comprado, foram-me oferecidos, embora algumas vozes teimem em sussurrar-me que, sim, fui eu que os encomendei.
Num dos livros, os capítulos sucederam-se com a segurança das estações. Um atrás do outro, uns mais fáceis, outros mais invernosos. Há capítulos que preferia não ter lido, mas a verdade é que cheguei ao fim e o livro foi atirado para a estante. Deixou marcas, como todos os livros. Aprendi, como em todos os livros. Mas, vantagens da memória, que se serve para lembrar também ajuda a esquecer, há coisas do livro de que já nem me lembro. E, bem pesadas as coisas, é livro que muito provavelmente nunca mais voltarei a ler. Nem esse, nem também muito provavelmente outros livros da mesma colecção.
No outro livro que me ofereceram há um ano, não consigo mudar de capítulo. Na verdade, não sei sequer em que capítulo estou. Se quero continuar a ler o livro. Nunca hei-de perceber porque somos obrigados a ler os livros que nos oferecem.





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