Pois é
A frase que está ali em baixo - fantástico, aquele the unabashedly carnal - consta de uma crítica do New York Times a um disco em que Philip Glass se atira a 20 poemas de Leonard Cohen, sendo que é o próprio Cohen a lê-los...
Preocupo-me - o NYT diz que é um dos melhores discos clássicos do ano e eu nem sequer tinha ouvido falar dele. Vai-me faltando a paciência para joeirar quilos de papel. Sei como isso se resolvia...
Preocupo-me - o NYT diz que é um dos melhores discos clássicos do ano e eu nem sequer tinha ouvido falar dele. Vai-me faltando a paciência para joeirar quilos de papel. Sei como isso se resolvia...
Frases que impõem respeito
Leonard Cohen’s poetry is spare, direct and dryly amusing, with undercurrents of quirky religiosity offset by the unabashedly carnal.
ou sont tes bras? Je les cherche
Françoiz Breut, Km 83
Rendez-vous à la renverse
Je pars la première
On se rejoint la-bas
Dessous la roche
Pendant l’averse
Que la route etait longue
Pour finir dans tes bras
Finir, a la renverse
Au km 83
Oh la, le temps m’inquiete
Il ne passe plus, ou sont tes bras
Je les cherche.
Comment vivre une vie dans ces rues la
Dans ces artères blessées par des
Batisseurs préssés
Mieux vaut vite s’en aller a la renverse
Il n’y aura personne, et tu me berceras
Et la, dessous l’averse
Contre la roche
Nul ne nous voit
Je suis à la renverse
Comme j’esperais
Je sens tes bras
Qui me bercent
Nous y voila.
Eu acho
que o Youtube é a maior invenção das últimas décadas.
As mulheres não são de Vénus
The 10 Best Books of 2007
Títulos que impõem respeito:
Incesto
Vinicio Capossela, Pena de l'Alma
Che farò lontan da te pena dell'anima
senza vederti, senza averti, nè guardarti
anche lontano non vorrò dimenticarti
anche se è ormai impossibil il nostro amor
Come levare via il profumo al fiore?
Come togliere al vento l'armonia?
Come negar che ti amo vita mia?
Come togliermi in petto questa passion?
E a veder che crudel destino ora ne viene
ma che l'ombra ora ci prenda più mi addolora
Il mio cuore mi dice che non può seguirti ancora
e nemmeno questa angustia sopportar
Come levar alle stelle via il bagliore?
Come impedir che corra il fiume al mare?
Come negar che soffre il petto mio?
Come levar dall'anima questa passion?
Come levare via il profumo al fiore?
Come togliere al vento l'armonia?
Fuori dalle braccia tue sulle ginocchia mie
così levarmi in petto questa passion?
Fuori dalle braccia tue sulle ginocchia mie
così levarmi in petto questa passion?
+38° 41' 60.00", -9° 10' 0.00"
Carnaval todos os dias
As mesmas pessoas que dormiram mal no fim-de-semana por causa do longo braço da ASAE, estão hoje incomodadíssimas com o nome de uma operadora telefónica !!!
We'll always have Paris
Vive uma espécie de morte letal: quando perdemos a amizade ou o amor de alguém e os anos passam e passam sem que essas coisas voltem. Tem o rigor táctico da morte - não se fala, os cheiros são memórias - e serve um ritmo perdido: houve um tempo em que fazíamos coisas com essas pessoas.
Subsiste, no entanto, uma diferença para a morte oficial. O outro - um amigo, uma mãe, um irmão - vive, e isso retira-nos o único consolo que o tempo oferece: a resignação.
[Mar Salgado]
Singular estupidez
Há quem recomende especiais cuidados com as manadas de gentinha estúpida.
Temo bem mais, e tenho razões para tal, os estúpidos no singular.
Temo bem mais, e tenho razões para tal, os estúpidos no singular.
Kiss me again, rekiss me and kiss me
Slip your frigid hands beneath my shirt
This useless old fucker with his twinkling cunt
Doesn't care if he gets hurt
Green Eyes, Nick Cave and The Bad Seeds
durante quatro minutos, quase cinco, dá para imaginar que a vida poderia ser uma valsa lenta, com shining light ao fundo. depois abres os olhos e pronto. não te comovas agora, porra...
Eça
Da entrevista ao Expresso, retive que VPV está a pensar escrever uma biografia de Eça.
[O jornal escreve "biografia sobre o Eça". Enfim, nem toda a gente que diz ler o Eça lê o Eça...]
[O jornal escreve "biografia sobre o Eça". Enfim, nem toda a gente que diz ler o Eça lê o Eça...]
às voltas com o passado
(da nossa primeira vhs)
Dos blogues e dos presuntos
Também eu comecei em meados de 2003. Só que, em quatro anos, a vida deu tantas voltas... e os meus blogues idem. O FNV, tratemo-lo assim, pelo nick, foi dos primeiros em que tropecei por estas bandas e muitas vezes - provas aqui - não por bons motivos [chegámos a trocar mails para resolver mal-entendidos]. O FNV é, talvez por isso tudo e mais umas botas, o blogger que mais citei nestes quatro anos e tal. E não deixa de ser curioso que sobre ele pensei, num destes dias mais recentes, algo muito parecido com aquilo que ele escreveu há dias no Mar Salgado [a certa altura, zurzia-lhe e não o linkava, porque ele, por azelhice ou incapacidade informática, não conseguia fazer links...]. O FNV é, de certa forma, o mais puro dos bloggers. É aqui que ele vive, que ele funciona [se bem me lembro, teve uma breve incursão num jornal], no texto curto, sempre no osso, com apontamentos, sobre política, futebol, a vida, dos mais estimulantes que por aí se apanham. O FNV é dos poucos a manter a inocência de 2003. A inocência nada inocente de dizer o que quer, sobre o que quer, sem comprometimentos... Coisa raríssima nos dias que correm. Preciosissíma. Por isso, vai já a caminho de Coimbra o mais metafórico dos presuntos. Colesterol oblige...
Quase tão histórico quanto isso
só mesmo Ordinary People, canção que andava perdida há umas décadas e que agora vê a luz do dia em Chrome Dreams II.
Enfim, sempre são 18 minutos e 13 segundos de Neil Young (pela minha parte, dispensava os metais e metia-lhe mais uma guitarra ou duas...).
Enfim, sempre são 18 minutos e 13 segundos de Neil Young (pela minha parte, dispensava os metais e metia-lhe mais uma guitarra ou duas...).
Conhecem aquela?
Queres ir lá a casa ver a minha colecção da Rolling Stone?
É claro que nada
E pronto
já cá canta o terceiro número da trilogia de aniversário. O Clinton, o Gore, o Boss, o Krugman... E um incontornável dossier sobre o futuro da música.
As Sugababes
têm novo disco e isso deve ser motivo de celebração.
[estão mais velhas, nota-se, mas não lhes digam nada...]
[estão mais velhas, nota-se, mas não lhes digam nada...]
“A broken heart looks different in somebody old. You don’t yell and scream and cry all day long like you might if you were 20.”
NYT, Love in the time of Dementia.
NYT, Love in the time of Dementia.
Exit
Ao fim de 32 anos de funcionamento, as autoridades descobriram que o Cinema Quarteto não tinha saídas de emergência e encerraram-no.
Temo que algum dia alguém faça o mesmo ao país.
Temo que algum dia alguém faça o mesmo ao país.
Olha... também sou republicano
Talvez seja culpa da minha costela republicana, mas gostei mais da resposta de Zapatero do que da do Rei.
A acompanhar
A série Provas irrefutáveis da felicidade de Sócrates, in Bomba Inteligente.
Barcelona, Set 07
olhas para mim, sorris, os teus olhos verdes refulgem, soletro mudamente a+mo+-te, acenas que sim, proferes de lábios articulados eu+também+te+amo
O Último Minuto na Vida de S.
Miguel Real, 2007
Prelude C Major, Ave Maria, Bach/Gounod [Kurt Reidel]
The importance of not reading
From The Economist print edition
Nov 15th 2007
“THERE is more than one way not to read, the most radical of which is not to open a book at all.” Thus begins Pierre Bayard's witty and provocative meditation on the nature, scale and necessity of non-reading. With thousands of books published every year, it is, he points out, the primary way people relate to books. And even those books they do get round to opening remain in a sense outside their knowledge. “Even as I read”, he observes, “I start to forget what I have read.”
The first section explores the four categories of unread books, into at least one of which Mr Bayard places every book he mentions. These are the “books unknown to me”, the “books I have skimmed”, the “books I have heard about” and the “books I have forgotten”. No exceptions are admitted, even for books he himself wrote.
Each category is illustrated with an example from literature. The librarian in Robert Musil's “The Man Without Qualities” explains that reading any particular book distracts from what is truly important: the relationship between all books. Paul Valéry, who eulogised Marcel Proust despite brazenly admitting he had only skimmed the writer's work, claimed this critical distance better enabled him to comment on it. Umberto Eco structured “The Name of the Rose” around a lost book which none of the characters had read, but about which each nonetheless had strong views. Montaigne, who was so forgetful that he took to annotating each book he read with a brief summary, felt that this passage to oblivion was an essential part of making a book's contents his own.
The second section describes social encounters during which it becomes essential to talk about unread books. Mr Bayard, who is a professor of French literature at the University of Paris (his book was a bestseller in France earlier this year), says airily that he must often talk about books he has at best skimmed, at worst not even opened—sometimes even with the books' authors. Should you happen to meet the writer of a book you could be expected to have read, you might find useful the advice proffered here: “While maintaining the greatest possible degree of ambiguity...tell him that you like what he wrote.”
The third and final section contains the book's meat: the “various means of extricating ourselves from these situations with grace”. The first requirement is a lack of shame; the second is the courage to impose one's own ideas on books. Then there is the most radical of all: to revel in one's freedom as a non-reader to recreate each book to one's own ideal. In any conversation about a book, says Mr Bayard, both parties are talking about different texts, “caught up in an endless process of inventing books”. Someone who finds the courage to embrace this process will find that “in that moment, he becomes a writer himself”.
Your reviewer's mind wandered, as she explored ways of not reading this book. Surely, she thought, books are like people, who can be unknown to us, or heard of, or “skimmed” (perhaps met) or forgotten, but never truly known? But that is to leave out love—for people and for books.
Nov 15th 2007
“THERE is more than one way not to read, the most radical of which is not to open a book at all.” Thus begins Pierre Bayard's witty and provocative meditation on the nature, scale and necessity of non-reading. With thousands of books published every year, it is, he points out, the primary way people relate to books. And even those books they do get round to opening remain in a sense outside their knowledge. “Even as I read”, he observes, “I start to forget what I have read.”
The first section explores the four categories of unread books, into at least one of which Mr Bayard places every book he mentions. These are the “books unknown to me”, the “books I have skimmed”, the “books I have heard about” and the “books I have forgotten”. No exceptions are admitted, even for books he himself wrote.
Each category is illustrated with an example from literature. The librarian in Robert Musil's “The Man Without Qualities” explains that reading any particular book distracts from what is truly important: the relationship between all books. Paul Valéry, who eulogised Marcel Proust despite brazenly admitting he had only skimmed the writer's work, claimed this critical distance better enabled him to comment on it. Umberto Eco structured “The Name of the Rose” around a lost book which none of the characters had read, but about which each nonetheless had strong views. Montaigne, who was so forgetful that he took to annotating each book he read with a brief summary, felt that this passage to oblivion was an essential part of making a book's contents his own.
The second section describes social encounters during which it becomes essential to talk about unread books. Mr Bayard, who is a professor of French literature at the University of Paris (his book was a bestseller in France earlier this year), says airily that he must often talk about books he has at best skimmed, at worst not even opened—sometimes even with the books' authors. Should you happen to meet the writer of a book you could be expected to have read, you might find useful the advice proffered here: “While maintaining the greatest possible degree of ambiguity...tell him that you like what he wrote.”
The third and final section contains the book's meat: the “various means of extricating ourselves from these situations with grace”. The first requirement is a lack of shame; the second is the courage to impose one's own ideas on books. Then there is the most radical of all: to revel in one's freedom as a non-reader to recreate each book to one's own ideal. In any conversation about a book, says Mr Bayard, both parties are talking about different texts, “caught up in an endless process of inventing books”. Someone who finds the courage to embrace this process will find that “in that moment, he becomes a writer himself”.
Your reviewer's mind wandered, as she explored ways of not reading this book. Surely, she thought, books are like people, who can be unknown to us, or heard of, or “skimmed” (perhaps met) or forgotten, but never truly known? But that is to leave out love—for people and for books.
É Natal !
oh please let me come into the storm.
Evidência
Os blogues também gaguejam.
still here
Vá lá saber-se porquê alguns leitores mais assíduos de french kissin' andaram perdidos durante algum tempo por um sítio chamado still kissin' parecendo mesmo que tal deriva terá assentado arraiais em algumas listas de links que aproveito já para solicitar a dita clarificação de que o french kissin' é só e é mesmo só este sendo considerado de até algum mau tom a insistência em clicar e linkar o tal de still kissin' que sendo parecido com este não é mesmo este pedindo-se por isso a todas as almas caridosas que actualizem os respectivos linkes e linkem mesmo para aqui para este french kissin' sendo certo que o tal do still continua ali disposto a ser lido mas sinceramente não me parece que encontrem seja o que for de interessante por lá até porque actualizações só mesmo aqui no french kissin' interessantes é que já não sei até porque vivemos uns tempos tramados e interessantes não sei não sei mesmo vírgula e ponto. final.
Em memória de A.
Sidney Bechet Creole Blues
Once a newspaper touches a story, the facts are lost forever, even to the protagonists.
Norman Mailer (1923-2007)
Norman Mailer (1923-2007)
a última vez que falei com...
a frase banal que se vai repetindo, telefonema após telefonema, a desoras. até que a última vez casual se petrifica numa irreversível última vez.
depois ficam só já as memórias. do convívio sereno, dos desentendimentos, dos desconfortos que a vida se encarrega de pôr no caminho. do muito que poderia ter sido, não foi e agora já nunca será.
vai fazer daqui a dias um ano que foi assim. e agora assim outra vez. outro adeus em novembro.
I wish that for just one time
You could stand inside my shoes
You'd know what a drag it is
To see you
Positively 4th Street, Bob Dylan, 1965
He's alive
Morto no AX
ou o neo-realismo diário a que temos direito.
Há pouco numa rua da Baixa:
As pessoas habituam-se a chamar-lhe Eduardo e depois não conseguem tratá-lo de outra maneira.
Nokia tune
Waterloo
terá ganho o Festival da Eurovisão, mas o meu videoclip preferido dos Abba continua a ser The Winner Takes It All. A loirinha tão triste, enquanto os outros três malvados se divertem... O que será feito da loirinha? Será que ainda vou a tempo?
Precisamente
isto é um país profundamente neo-realista. Até o nosso glamour - atente-se nas revistas de sociedade - é profundamente neo-realista. Glamour, glamour, a sério, e até algum cosmopolitismo, só nos blogues. Não nos bloguistas - note-se que dediquei um post ao cozido à portuguesa e ao borrego, e não a qualquer vol-au-vent, carpaccio, ou sauce...
I'm not religious
Zodíacos II
Esta semana, e só ainda vamos na terça-feira, já duas pessoas me disseram: «O blogue anda triste...».
Não, não preciso de horóscopo, zodíaco, ou outra adivinhação qualquer.
Não, não preciso de horóscopo, zodíaco, ou outra adivinhação qualquer.
Zodíacos
Na semana passada, três almoços, dia sim dia não, de cozido à portuguesa.
Esta semana, e só ainda vamos na terça-feira, dois almoços de borrego.
Eu acho que isto quer dizer qualquer coisa. Acho mesmo que deveria haver assim uma espécie de zodíaco da culinária.
Esta semana, e só ainda vamos na terça-feira, dois almoços de borrego.
Eu acho que isto quer dizer qualquer coisa. Acho mesmo que deveria haver assim uma espécie de zodíaco da culinária.
Estava morta na mata
[ Constata-se aqui que «o nosso demi-monde constitui sublime matéria romanesca».
Há quem coleccione recortes de fait-divers, precisamente porque a realidade é permanente fonte de espanto e, logo, de romance.
Há uns dias, guardei uma página do Correio da Manhã com uma história dessas.
Publico-a tal e qual, com a devida vénia, até porque, na sua aparente simplicidade, esta é uma história verdadeiramente bem contada. ]
Sintra: Cão encontra cadáver na mata de Rio de Mouro
Estava morta na mata
Morta à pancada, Isabel Rute foi encontrada, anteontem, por um cão que um popular passeava na mata de Rio de Mouro, no concelho de Sintra. Com 36 anos, a mulher vivia há oito com Vitorino, um homem “nascido a 11 de Março de 1969” que habita uma barraca, construída por si na referida mata.
O corpo da mulher foi encontrado a dezenas de metros da barraca. E segundo fonte policial já estaria cadáver há alguns dias.“A Rute estava coberta por uns ramos e já tinha lagartas”, especificou ao CM Vitorino, adiantando que junto do corpo estava uma tábua que ele reconheceu: “Era da barraca do João, o ‘Barbas’”.
João é um homem que conhecia Rute e acolheu-a quando ela fugiu de casa, há cerca de duas semanas. Fugiu dos maus tratos que sofria de Vitorino. “Eu batia-lhe. E fui eu que lhe disse para se ir embora, para eu não lhe bater mais”, afirma.
Vitorino alega que ela lhe roubava coisas e que “apesar da porrada” gostava “muito dela”.“Eu adoro-a. Às vezes batia-lhe mas arrependia-me. Agora matá-la... Não era capaz disso.”
Vitorino coxeia, deficiência que ganhou num acidente de viação e que lhe dá a alcunha de ‘o coxo’.
Reformado devido à deficiência, recorre frequentemente à Santa Casa da Misericórdia. “Vou a Santa Apolónia comer e foi lá que conheci a Rute.”
Vitorino conheceu-a há oito anos, dormia ela na rua. “Era uma sem-abrigo”, diz, contando que Rute foi parar à rua depois de abandonar o marido, Jorge, que também a maltratava, e a filha de ambos, que hoje é uma mulher casada.
Vitorino lembra-se de, na altura, há oito anos, lhe ter perguntado: “A sr.ª Rute quer um tecto?”
Segundo fonte policial, Rute apresentou várias queixas de maus tratos contra Vitorino.
“Mas ela voltava sempre para ele porque tinha medo dele”, afirma ao CM um amigo da vítima, solicitando o anonimato.
O corpo de Rute – uma mulher magra, de estatura mediana e aparência frágil – tem marcas de pancada e de agressões com um objecto. Encontrado anteontem, foi transportado para o Instituto de Medicina Legal para ser autopsiado.
A investigação está a cargo da Polícia Judiciária, que ontem esteve toda a manhã na zona onde foi encontrado o cadáver a reconhecer indícios que possam esclarecer o homicídio.
"OS MEUS PAIS? NÃO CONHEÇO"
“A minha idade? Não sei. Não me lembro. Nasci a 11 do três de 1969.” Vitorino, como se identifica, parece confuso. “Os meus pais? Não conheço. Fomos abandonados.” Ele e cinco irmãos, diz, foram criados “num lar na Estefânia”, em Lisboa. “Tive de me vir embora de lá quando cresci”, conta, referindo que foi viver para a Portela de Sintra, onde construiu uma barraca. “Mas tive de me vir embora. Roubavam-me todos os dias, todas as coisas”. E alguém lhe disse que havia uma mata em Rio de Mouro: um terreno privado – “baldio quando vim para cá” – onde ele poderia construir outra barraca. Foi há 18 anos. Vitorino juntou madeiras para fazer paredes e telhas para um telhado e construiu a barraca – sem as mínimas condições de habitabilidade mas muito limpa. Há pouco tempo recebeu a visita da Câmara de Sintra que, diz, prometeu realojá-lo.
Sofia Rêgo
Há quem coleccione recortes de fait-divers, precisamente porque a realidade é permanente fonte de espanto e, logo, de romance.
Há uns dias, guardei uma página do Correio da Manhã com uma história dessas.
Publico-a tal e qual, com a devida vénia, até porque, na sua aparente simplicidade, esta é uma história verdadeiramente bem contada. ]
Sintra: Cão encontra cadáver na mata de Rio de Mouro
Estava morta na mata
Morta à pancada, Isabel Rute foi encontrada, anteontem, por um cão que um popular passeava na mata de Rio de Mouro, no concelho de Sintra. Com 36 anos, a mulher vivia há oito com Vitorino, um homem “nascido a 11 de Março de 1969” que habita uma barraca, construída por si na referida mata.
O corpo da mulher foi encontrado a dezenas de metros da barraca. E segundo fonte policial já estaria cadáver há alguns dias.“A Rute estava coberta por uns ramos e já tinha lagartas”, especificou ao CM Vitorino, adiantando que junto do corpo estava uma tábua que ele reconheceu: “Era da barraca do João, o ‘Barbas’”.
João é um homem que conhecia Rute e acolheu-a quando ela fugiu de casa, há cerca de duas semanas. Fugiu dos maus tratos que sofria de Vitorino. “Eu batia-lhe. E fui eu que lhe disse para se ir embora, para eu não lhe bater mais”, afirma.
Vitorino alega que ela lhe roubava coisas e que “apesar da porrada” gostava “muito dela”.“Eu adoro-a. Às vezes batia-lhe mas arrependia-me. Agora matá-la... Não era capaz disso.”
Vitorino coxeia, deficiência que ganhou num acidente de viação e que lhe dá a alcunha de ‘o coxo’.
Reformado devido à deficiência, recorre frequentemente à Santa Casa da Misericórdia. “Vou a Santa Apolónia comer e foi lá que conheci a Rute.”
Vitorino conheceu-a há oito anos, dormia ela na rua. “Era uma sem-abrigo”, diz, contando que Rute foi parar à rua depois de abandonar o marido, Jorge, que também a maltratava, e a filha de ambos, que hoje é uma mulher casada.
Vitorino lembra-se de, na altura, há oito anos, lhe ter perguntado: “A sr.ª Rute quer um tecto?”
Segundo fonte policial, Rute apresentou várias queixas de maus tratos contra Vitorino.
“Mas ela voltava sempre para ele porque tinha medo dele”, afirma ao CM um amigo da vítima, solicitando o anonimato.
O corpo de Rute – uma mulher magra, de estatura mediana e aparência frágil – tem marcas de pancada e de agressões com um objecto. Encontrado anteontem, foi transportado para o Instituto de Medicina Legal para ser autopsiado.
A investigação está a cargo da Polícia Judiciária, que ontem esteve toda a manhã na zona onde foi encontrado o cadáver a reconhecer indícios que possam esclarecer o homicídio.
"OS MEUS PAIS? NÃO CONHEÇO"
“A minha idade? Não sei. Não me lembro. Nasci a 11 do três de 1969.” Vitorino, como se identifica, parece confuso. “Os meus pais? Não conheço. Fomos abandonados.” Ele e cinco irmãos, diz, foram criados “num lar na Estefânia”, em Lisboa. “Tive de me vir embora de lá quando cresci”, conta, referindo que foi viver para a Portela de Sintra, onde construiu uma barraca. “Mas tive de me vir embora. Roubavam-me todos os dias, todas as coisas”. E alguém lhe disse que havia uma mata em Rio de Mouro: um terreno privado – “baldio quando vim para cá” – onde ele poderia construir outra barraca. Foi há 18 anos. Vitorino juntou madeiras para fazer paredes e telhas para um telhado e construiu a barraca – sem as mínimas condições de habitabilidade mas muito limpa. Há pouco tempo recebeu a visita da Câmara de Sintra que, diz, prometeu realojá-lo.
Sofia Rêgo
E um post
anti-americano, só para não lhe perder o jeito?
[parece que é de esquerda ser anti-americano, li hoje num jornal...]
[parece que é de esquerda ser anti-americano, li hoje num jornal...]
Ora aí está
Juro que já tinha verbalizado interiormente esta coisa. Agora, verbalizar assim, exteriormente...
Post curto, comentário longo
Despedidas que valem a pena
Pode parecer até um recurso para continuar a postar, sem ter nada para dizer. Mas a verdade é que tenho andado fascinado com as coisas que as pessoas procuram no Google. E só sei daquelas que acabam aqui neste blogue [num país de escutadores, cada um escuta o que pode, no meu caso, o Sitemeter...].
Vejam uma das últimas coisas pesquisadas no Google e cuja resposta dava http://frenchkissin.blogspot.com: Uma despedida só vale a pena quando se tem a certeza que se pode regressar. Nem mais.
Vejam uma das últimas coisas pesquisadas no Google e cuja resposta dava http://frenchkissin.blogspot.com: Uma despedida só vale a pena quando se tem a certeza que se pode regressar. Nem mais.
Tell me
enough of thinking everything that you've done is good
Tell me
do you really think you go to hell for having loved?
América somos todos nós
Going To A Town, Rufus Wainwright, 2007
I'm going to a town that has already been burnt down
I'm going to a place that has already been disgraced
I'm gonna see some folks who have already been let down
I'm so tired of America
I'm gonna make it up for all of The Sunday Times
I'm gonna make it up for all of the nursery rhymes
They never really seem to want to tell the truth
I'm so tired of you, America
Making my own way home, ain't gonna be alone
I've got a life to lead, America
I've got a life to lead
Tell me, do you really think you go to hell for having loved?
Tell me, enough of thinking everything that you've done is good
I really need to know, after soaking the body of Jesus Christ in blood
I'm so tired of America
I really need to know
I may just never see you again, or might as well
You took advantage of a world that loved you well
I'm going to a town that has already been burnt down
I'm so tired of you, America
Making my own way home, ain't gonna be alone
I've got a life to lead, America
I've got a life to lead
I got a soul to feed
I got a dream to heed
And that's all I need
Making my own way home, ain't gonna be alone
I'm going to a town
That has already been burnt down
french kiss
Um destes dias, este blogue foi visitado por alguém que procurava french kissin' no Ask.com. Era o passo que faltava para transformar este humilde local num site de referência. Para esse leitor, se voltar, e para o restantes, reproduz-se o estatuto editorial do blogue, publicado fez há dias dois anos:
1. Brush your teeth, get a good bath, nicely groomed and clean and fresh, before meeting the other person. There's nothing worse than kissing the rear end of a garbage truck.
2. Get into a comfortable position - you can't kiss if your back feels like it's gonna break. Suggestion - Sit side by side on a comfy sofa.
3. Hold your lover , firmly but gently - don't cause pain. Suggestion would be to hold the shoulders, the neck or gently on the side of the face, one side or both sides.
4. Move your faces closer. Don't bump noses. Suggestion would be the guy angle his face slightly so you don't bump noses.
5. Kiss gently, normal closed lips kissing, and close your eyes. Closing your eyes increases the sensations you feel, and also sets the mood.
6. Continue kissing gently. Get comfortable with simple closed lips, lip-to-lip kissing before going anywhere else.
7. If fine till here, tentatively, slowly and lightly draw your tongue across the other person's lips.
8. Chances are from here, if the other person lightly parts her tongue, slowly explore the other person's tongue in a light licking motion.
9. The tongue has a very sensitive surface, which is why tongue to tongue is the essence of french kissing.
10. After you've tried lightly licking the other person's tongue, you can try sucking on it, wrestling with it ( see if you can hold it to the floor of her mouth ) and other things like that.
11. Explore the other areas of the mouth. Especially the roof of the mouth. Lightly lick, or tickle the area with your tongue.
12. Don't bite. whatever you do, don't bite.
13. Don't swing your tongue round and round like a windmill. Explore lightly, don't drill your way through.
14. Breathe through your nose. Breathe through your nose. I say again, breathe through your nose.
15. Follow so far? You can lightly use your hands too, lightly rubbing the other person. Suggestions, along the waist, along the back, the arms, especially the inside of the arm, the neck, maybe running your fingers through her hair. Again, don't cause pain.
16. Continue kissing.
1. Brush your teeth, get a good bath, nicely groomed and clean and fresh, before meeting the other person. There's nothing worse than kissing the rear end of a garbage truck.
2. Get into a comfortable position - you can't kiss if your back feels like it's gonna break. Suggestion - Sit side by side on a comfy sofa.
3. Hold your lover , firmly but gently - don't cause pain. Suggestion would be to hold the shoulders, the neck or gently on the side of the face, one side or both sides.
4. Move your faces closer. Don't bump noses. Suggestion would be the guy angle his face slightly so you don't bump noses.
5. Kiss gently, normal closed lips kissing, and close your eyes. Closing your eyes increases the sensations you feel, and also sets the mood.
6. Continue kissing gently. Get comfortable with simple closed lips, lip-to-lip kissing before going anywhere else.
7. If fine till here, tentatively, slowly and lightly draw your tongue across the other person's lips.
8. Chances are from here, if the other person lightly parts her tongue, slowly explore the other person's tongue in a light licking motion.
9. The tongue has a very sensitive surface, which is why tongue to tongue is the essence of french kissing.
10. After you've tried lightly licking the other person's tongue, you can try sucking on it, wrestling with it ( see if you can hold it to the floor of her mouth ) and other things like that.
11. Explore the other areas of the mouth. Especially the roof of the mouth. Lightly lick, or tickle the area with your tongue.
12. Don't bite. whatever you do, don't bite.
13. Don't swing your tongue round and round like a windmill. Explore lightly, don't drill your way through.
14. Breathe through your nose. Breathe through your nose. I say again, breathe through your nose.
15. Follow so far? You can lightly use your hands too, lightly rubbing the other person. Suggestions, along the waist, along the back, the arms, especially the inside of the arm, the neck, maybe running your fingers through her hair. Again, don't cause pain.
16. Continue kissing.
Meias e fónes
Isto, sim, é um problema. Quebra-cabeças, quero eu dizer. As meias e o seu emparelhamento ainda é daquelas coisas que me faz abençoar a disciplina. Ou a falta que ela me faz. Coisas da educação, ou da escola pública, como agora se diz.
O mesmo com os phones (ou será fónes?). Andei nas arrumações - deitar fora os que só debitam de um lado, tentar enrolar de forma utilizável os que ainda o são. Não imaginam a quantidade de fónes (pronto...) que se podem acumular em casa de melómanos cruzados (ia escrever arraçados, mas tenho medo da polícia do politicamente correcto...) de noticiodependentes. Os fónes enrolam-se uns nos outros (gandas malucos...), partem-se, avariam-se... Uma trabalheira. E agora pergunto eu: tinha que chegar o iPod, mais a sua catrefa de acessórios, para que tivéssemos finalmente fónes que 1) nunca se enrolam? 2) quase nunca avariam? Será que o senhor Steve Jobs, talvez nestas longas noites de Inverno, não poderia pensar numa solução, assim aitec e bué da design, também para as meias?
O mesmo com os phones (ou será fónes?). Andei nas arrumações - deitar fora os que só debitam de um lado, tentar enrolar de forma utilizável os que ainda o são. Não imaginam a quantidade de fónes (pronto...) que se podem acumular em casa de melómanos cruzados (ia escrever arraçados, mas tenho medo da polícia do politicamente correcto...) de noticiodependentes. Os fónes enrolam-se uns nos outros (gandas malucos...), partem-se, avariam-se... Uma trabalheira. E agora pergunto eu: tinha que chegar o iPod, mais a sua catrefa de acessórios, para que tivéssemos finalmente fónes que 1) nunca se enrolam? 2) quase nunca avariam? Será que o senhor Steve Jobs, talvez nestas longas noites de Inverno, não poderia pensar numa solução, assim aitec e bué da design, também para as meias?
E a verdade é...
Na selva mediática, ganha quem saca do melhor soundbyte. Não ganha o campeonato do soundbyte. Ganha o campeonato, ponto. Congela a realidade.
No acidente que vitimou duas pessoas numa passadeira do Terreiro do Paço, the winner is... «era uma tragédia à espera de acontecer».
No acidente que vitimou duas pessoas numa passadeira do Terreiro do Paço, the winner is... «era uma tragédia à espera de acontecer».
Hoje de manhã, na banca dos jornais
- Os portugueses não têm nada a ver com isto. Uma caçadeira de canos serrados é que era. Um tiro nela, um tiro nele.
E afastou-se a vociferar qualquer coisa sobre um árbitro.
E afastou-se a vociferar qualquer coisa sobre um árbitro.
And we can fly - fly - fly - aaawaaayyyy
Lost, Michael Bublé, 2007
I can't believe it's over
I watched the whole thing fall
And I never saw the writing that was on the wall
If I'd only knew
The days were slipping past
That the good things never last
That you were crying
Summer turned to winter
And the snow it turned to rain
And the rain turned into tears upon your face
I hardly recognized the girl you are today
And god I hope it's not too late
It's not too late
'Cause you are not alone
I'm always there with you
And we'll get lost together
Till the light comes pouring through
'Cause when you feel like you're done
And the darkness has won
Babe, you're not lost
When your worlds crashing down
And you can't bear the thought
I said, babe, you're not lost
Life can show no mercy
It can tear your soul apart
It can make you feel like you've gone crazy
But you're not
Things have seem to changed
There's one thing that's still the same
In my heart you have remained
And we can fly fly fly away
'Cause you are not alone
And I am there with you
And we'll get lost together
Till the light comes pouring through
'Cause when you feel like you're done
And the darkness has won
Babe, you're not lost
When the worlds crashing down
And you can not bear to crawl
I said, baby, you're not lost
I said, baby, you're not lost
I said, baby, you're not lost
I said, baby, you're not lost
O Outono
Por exemplo,
a Itália prepara-se para expulsar estrangeiros. Porque:
The Roman Catholic charity Caritas puts the number of Romanians in Italy at 556,000 - less than 1% of the population. Yet, according to the interior minister, 5.6% of those arrested for murder are Romanian.
The Roman Catholic charity Caritas puts the number of Romanians in Italy at 556,000 - less than 1% of the population. Yet, according to the interior minister, 5.6% of those arrested for murder are Romanian.
Esboços
Hoje é a proposta de uma empresa de marketing de colocar dísticos às cores nos automóveis, consoante o número de acidentes causados pelo condutor (proprietário?)...
Não sei por que ainda me espanto com a candura e a predisposição para o facto consumado dos jornalistas portugueses sempre que lhes colocam à frente uns esboços de umas-coisas-que-eles-não-percebem-mas-presumem-ser-muito-interessantes-e-inteligentes.
Não sei por que ainda me espanto com a candura e a predisposição para o facto consumado dos jornalistas portugueses sempre que lhes colocam à frente uns esboços de umas-coisas-que-eles-não-percebem-mas-presumem-ser-muito-interessantes-e-inteligentes.
Santas guerras
Na Economist desta semana: Faith will unsettle politics everywhere this century. It will do so least when it is separated from the state.
Ah... o Pedro Arroja apenas escreve sobre os judeus com a mesma liberdade argumentativa com que outros escrevem sobre outras religiões, outros povos, outros assuntos.
Ah... o Pedro Arroja apenas escreve sobre os judeus com a mesma liberdade argumentativa com que outros escrevem sobre outras religiões, outros povos, outros assuntos.
[Pub.]
Porque gosto de tablóides
Americanos
Na Reading Room do NYT puseram-se a discutir o Guerra e Paz. Lançaram a discussão com um texto que tem a União Soviética no título. Já estão a discutir Putin.